Pró-Batalha defende ação integrada

NÉLSON GONÇALVES - Jornal da Cidade - 16/11/2014 - 13:59:19

O problema mais grave associado ao esgotamento da capacidade do Rio Batalha fornecer água de superfície para consumo em Bauru não está diretamente ligado à estiagem. Na prática, a chuva forte e de pouco tempo de duração acaba sendo "inimiga" do rio, porque arrasta sedimentos e aprofunda o assoreamento por ausência de regras de proteção nas propriedades lindeiras e nas estradas.

As estradas, sem microbacias, por exemplo, acabam ajudando no processo de "destruição" do leito do Batalha. Em muitos poucos, o processo está tão avançado que animais circulam de um lado para o outro do Batalha com facilidade.

A média de chuvas se mantém estável em Bauru, nos últimos anos. A informação é confirmada pelo mapa de precipitação em Bauru gerado pelo Instituto de Pesquisas Meteorológicas (IPMet). O Plano Diretor de Águas realizado pela empresa Hidrosan Engenharia SS menciona, de sua parte, que os meses menos chuvosos são julho e agosto.

"O problema em relação à bacia do Batalha é o tipo de chuva. Temos muita chuva torrencial e como não existem microbacias e sistema de controle de águas nas estradas rurais e muito menos regras e monitoração para as propriedades lindeiras, como curvas de nível adequadas, o que chove desce forte e descarrega muito mais sedimento na calha do rio, aprofundando o assoreamento e ficando depositado na calha", comenta Gabriel Motta.

Toda a ocupação ocorrida ao longo dos anos nas áreas lindeiras ao rio gerou desmatamento desenfreado para a formação de pastagens, plantio de cana de açúcar, entre outras monoculturas. Além disso, aconteceu o aumento de estradas rurais. "Criou-se um cenário na Bacia Hidrográfica do Alto Batalha que a tornou incapaz de resistir à concentração de águas nos períodos chuvosos", aborda o representante do Fórum.

Em um cenário ideal a cobertura florestal nas cabeceiras e nas mataciliares asseguraria todo volume de águas que recai sobre a bacia hidrográfica. "Mas sem essa cobertura temos um cenário muito suscetível a erosões, deslizamento de terras, situações que causam o assoreamento dos rios, entupindo com sedimentos, principalmente as áreas de confluência (pontos de encontro entre o Rio Batalha e seus afluentes)", posiciona Motta.

Essas áreas se tornam um ambiente sedimentar e úmido propício ao crescimento de plantas que, além de consumirem muita água (taboas), diminuem o fluxo direto e constante de água ao rio tronco principal, ou seja, o Batalha.

"É bom lembrar que as nascentes e os afluentes do Rio Batalha não são sazonais quanto as chuvas, são permanentes, e, em uma situação ideal abasteceriam o rio de forma constante, não havendo problemas com a oferta hídrica na lagoa de captação do DAE por falta de chuva", acrescenta o integrante do Fórum.

Mas no cenário atual isso não ocorre. "O que vemos a poucos metros da lagoa de captação do DAE são processos erosivos, ocupações irregulares de nascentes diminuindo a vazão dos afluentes que o abastecem e a falta de isolamento nas Áreas de Preservação Permanente, onde observa-se a passagem de animais de pastagem de uma propriedade a outra através do rio. Isso além de contaminar a água, propicia o solapamento em sua calha, intensificando o processo de assoreamento", acrescenta.

Acordo e diálogo entre as cidades

Gabriel Motta, engenheiro florestal e diretor do Fórum Pró-Batalha, defende o diálogo com todas as vertentes envolvidas com o rio, como os Ministérios Públicos de Bauru, Piratininga e Agudos, os proprietários de terras nas áreas lindeiras, empreendedores e demais autoridades dos Executivos locais.

Na semana passada, ele visitou os representantes do MP Federal, André Libonati e Fabrício Carrer, e recebeu destes o compromisso de empenho pela averiguação de soluções para a preservação global, regionalizada, do rio. Para tanto, Libonati informou que já estão sendo oficiados os representantes do MP de Agudos e Piratininga para participar da intervenção regional em relação ao tema. Na Câmara Municipal de Bauru, o vereador Fabiano Mariano (PDT), está oficiando os promotores de Justiça das cidades vizinhas para o diálogo em torno da questão.

O maior problema, neste momento, são as propriedades lindeiras, segundo o Fórum Pró-Batalha. "É preciso estabelecer no plano ações como curvas de nível e terraceamento nas áreas de pastagem declivosas, promover a formação correta de saídas d águas nas estradas rurais e formação de barraginhas (pequenos tanques formados com diques de terra), reafeiçoamento topográfico e estancamento das erosões, para que, em parceria com o Fórum Pró Batalha, realizemos a recomposição florestal", elenca Gabriel Motta.
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